A epidemia do Corona Vírus vem acelerando grandes transformações nos nichos de de arquitetura e design como já falamos aqui.
Alguns mercados se potencializaram, outros tenderão a desaparecer. Essas mudanças ainda passarão por muitos processos nos anos que se seguirão, mas de antemão já podemos adiantar alguns nichos que vem se destacando.
Decoração Rápida
O tempo passado dentro de casa aumentou a preocupação com o lar, de repente, o que não era tão importante antes, como uma cadeira especial ou um ambiente muito escuro começou a incomodar, principalmente com o home office e o home schooling.
Mas ao mesmo tempo estamos numa época de restrições econômicas, grandes reformas não tem se tornado uma alternativa segura, por isso serviços relacionados ao bem-estar da casa, mas que sejam executados rapidamente e com baixo custo tem ganhado os olhos das pessoas.
Conforto Ambiental
Espaços com circulação de ar, ventilação cruzada, jardins e grandes aberturas serão uma grande preocupação nos próximos anos, segundo essa matéria do Arch Daily.
A mudança para casas ao invés de apartamentos (onde o contato com outras pessoas é maior, por exemplo, com o compartilhamento de elevadores e áreas comuns) começa a crescer e se tornar tendência.
Um leve êxodo urbano para viver no campo em detrimento da cidade também poderá ser observado, já que a necessidade da presença no escritório físico não é importante agora.
Urban Farming e Urban Jungle
Fazendas locais cultivadas em condomínios ou terrenos comunitários podem se tornar uma febre, já que diminuiriam à ida ao supermercado e os deslocamentos constantes. Além disso, o aumento do tempo dentro de casa fez com que muitas pessoas se interessassem pelo manejo dos alimentos dentro do lar além de cozinhar a própria comida.
O cultivo indoor também é eficiente para o planeta, já que diminui bastante o transporte de alimentos que é um dos grandes responsáveis pelos níveis de CO2 na atmosfera.
Startups como a Willo já vem pensando estratégias de como cultivar alimentos dentro de casa com as fazendas verticais fechadas, que posteriormente podem funcionar em condomínios ou prédios, abastecendo uma comunidade local.
O Urban Jungle, a tendência de decorar com plantas também cresce nesse sentido, já que o contato com a natureza melhora o humor e a disposição em tempos de quarentena onde a presença em casa é exigência e obrigação.
DIY e Impressão 3d
Produtos que podem ser montados ou impressos em casa tendem a ser tornar um dos nichos do futuro. A Ikea já vem construindo estratégias nesse sentido apostando cada vez mais na auto-suficiência de seus produtos.
Designers e arquitetos que criarão produtos e venderão os seus códigos de impressão vem crescendo bastante e empresas como a 3D Materialize já vem criando materiais e produtos de pequeno porte que podem ser impressos em casa.
Experience Design
Em tempos de e-commerce crescendo cada vez mais, espaços comerciais como lojas, bares e restaurantes terão que apostar em espaços experienciais que ofereçam alternativas de diversão e gamificação para o usuário.
A experiência será um atrativo para que as pessoas tenham interesse de ir àquele lugar e não comprar online ou pedir comida por aplicativos.
Segundo esse artigo da Frame, precisará existir uma razão forte e um senso de comunidade para que os clientes e usuários frequentem um espaço, senão eles decidirão pela compra online sem pensar duas vezes.
Bicicletas e Scooters
Os transportes públicos são o local mais temido pela maioria das pessoas na volta da quarentena, já que em muitas cidades é impossível não dividir vagões de metrôs e ônibus lotados, aumentando o risco de infecções.
Nesse podcast da Wired, o especialista em transportes Aarian Marshall afirma que haverá um boom de bicicletas e scooters como meio de transporte individual e que isso evitaria a aglomeração e o contágio mais acelerados.
Para isso, as cidades tem que se adaptar, transformando ruas e calçadas em locais onde esses veículos possam andar e estacionar como já vem ocorrendo em Milão.
Brasilidade
A preocupação com os pequenos produtores locais tem crescido cada vez mais em tempos de pandemia, onde esses profissionais correm o risco de fecharem seus negócios.
Por isso, uma valorização do que é produzido na sua cidade ou no seu país em detrimentos de produtos importados e de grandes corporações tem crescido muito.
Li Edelkoot, famosa trendforecastar holandesa, disse numa entrevista ao Dezeen que o crescimento de coletivos e comunidades criativas a fim de aumentar e valorizar a cultura local deve ganhar vez nos próximos anos.
Design para a Saúde
A adaptação de espaços para transformá-los em hospitais e ambulatórios cresceu bastante nos últimos meses. Navios, hotéis abandonados, ônibus e galpões tem se adaptado para novos usos através de pequenas reformas rápidas.
Profissionais especializados em projetar preocupados com a saúde e a contaminação e que dominem o uso de materiais antibactericidas, desinfetantes e anti-sépticos tem sido procurados no mundo todo e tendem a se tornar um dos nichos mais importantes das próximas décadas.
Ergonomia das Distâncias Sociais
A adaptação de ambiente existentes para diminuir o contato entre pessoas seja em locais privados como escritórios e shoppings, seja em locais públicos como parques e praias tem sido visto no mundo inteiro nos últimos 3 meses.
Uma empresa holandesa chamada Cushman &Wakefield que é consultora da ONU para ambientes, criou estratégias de distanciamento social para 10 mil empresas na China e viu seu trabalho ser triplicado nos últimos meses.
Minimalismo
Sebastian Errazuriz, designer especialista em tecnologia e arte, afirma que dentro das casas, viveremos a época da Kondorização, ou seja, aplicar o método KonMari da japonesa Marie Kondo de jogar fora o que não faz mais sentido.
Tanto tempo dentro de casa tem feito as pessoas questionarem a aquisição exagerada de bens e produtos e começarem a se perguntar se precisariam mesmo desse objetos para sua vida e seu trabalho, fortalecendo um estilo de vida de desapego e minimalismo.
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É certo que outro nichos virão a surgir nos próximos anos e muitas outras transformações disruptivas e exponenciais vão transformar mercados e maneiras de se trabalhar nos próximos meses.
Cabe a nós ficarmos atentos e abertos para acompanhar como esses nichos poderão ser importantes em épocas de transições profissionais.
