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Covid e Moradia: O que vem por aí

21 de agosto de 2020

Já falamos nesse post sobre nichos crescentes pós-covid e nesse outro sobre as tendências que serão abertas com a pandemia.

Mas como o Covid atuará na maneira como nos relacionamos com nossos espaços interiores e com o layout dos lugares que vivemos e moramos?

Alguns especialistas tem previsto várias transformações drásticas nos ambientes e algumas delas de fato já podem ser vistas nas nossas casas e nas de nossos amigos e parentes! Quem não precisou tirar o sapato e deixar na porta para entrar em casa?

Forma segue infecção

Para a designer de interiores inglesa Michelle Ogundenhin “forma segue infecção”. A famosa frase de Sullivan foi citada por Michelle numa entrevista ao Dezeen sobre o futuro dos projetos de interiores pós-pandemia.

Sobre as principais previsões de Michelle estão os Lares Vacinados, a Genkan, o Rest and Play, Cozinha Saudável e Áreas Utilitárias.

A tendência dos Lares Vacinados será um extrema preocupação com a higiene dos ambientes que vai desde os materiais empregados nos revestimentos, balcões e mobiliários até os fluxos de entrada e saída da casa para higienizar tudo que vem da rua. Nesse sentido ganham força o cobre e a luz ultravioleta, o primeiro porque é um dos poucos materiais em que o vírus não sobrevive e segundo porque causam mutações e conseguem inutilizando vírus como o Covid.

Já a Genkan, a famosa técnica japonesa de reservar uma área na entrada da casa para isolar sapatos e compras, vai ser cada vez mais normal. Talvez essa seja o hábito mais adotado de maneira direta e rápida.

Genkan
Fonte: Luxury Hotel Kyoto

O Rest and Play, segundo Michelle, é ver a casa como lugar de exercícios e diversão ao mesmo tempo, oferecendo experiências de trabalho remoto, academia e concertos ao vivo. Por que sair de casa ser posso ter tudo em casa?

A Cozinha saudável será uma grande máquina de armazenagem e preparo de refeições saudáveis e cuidado com a alimentação com geladeiras wi-fi e hortas indoor, além de equipamentos inteligentes para planejar uma rotina de alimentação em casa. Inclusive já falamos disso por aqui também nesse post sobre fazendas urbanas e plantio indoor.

Novos ambientes podem começar a aparecer: Áreas utilitárias com espaços novos como “lugar da leitura” ou “lugar de limpeza ou “yoga spot” podem vir a ser considerados no projeto de acordo com as necessidades de cada família que passará mais tempo trabalhando e se exercitando em casa.

Hibridismo, Compartilhamento e Biofilia

Já a revista Frame entrevistou especialistas de várias áreas para entender que eixos definiriam a construção dos lares do futuro e chegou a 3 pilares: Hibridismo, Compatilhamento e Biofilia.

O Hibridismo se refere ao fato de que os ambientes serão cada vez mais sem “definição”. Quartos podem virar salas, terraços podem virar quartos e a ausência de paredes fixas através de estruturas móveis começa a fazer parte dos novos espaços projetados.

A cultura do Compartilhamento já começa a fazer parte da nossa vida com o AirBnb e o Uber e isso vai ficar cada vez mais forte. Por que possuir algo se eu posso apenas usufruir sem ter a posse? Sistemas que permitem o aluguel de mobiliário e eletrodomésticos já vem sendo testados. Empresas como a Kasita também vem experimentando modelos de aluguel compartilhado.

O contato com a natureza vai ser cada vez mais essencial nas nossas vidas não só por conta das severas mudanças climáticas, mas também pela necessidade de respeito ao meio ambiente como sendo parte do que somos e o Design Biofílico que projeta a partir da integração com a natureza chega com toda força. Imóveis que permitem contato entre corpo e natureza, além de ajudarem as pessoas a se desligarem da tecnologia serão cada vez mais constantes.

3D de casa híbrida coletiva sem paredes construída a partir do design biofílico
Urtzi grau & guillermo fernández-abasca
Fonte: Design Boom

Trabalhar em casa, mas com natureza

Já a Architizer, além de ter frisado também sobre as smart kitchens e do layout híbrido, focou na importância que os espaços exteriores passarão a ter nas nossas vidas. Não necessariamente construir a partir do design biofílico, mas adaptar o layout das nossas casas para abrigar a natureza.

Com tanto tempo em lockdown, as pessoas precisarão se conectar mais com o meio ambiente. Varandas e jardins passarão a ter uma grande importância. Inclusive o City Lab também escreveu uma matéria inteira falando da importância que as varandas passarão a ter nos empreendimentos imobiliários.

Várias empresas não voltarão aos seus escritório fixos aumentando ainda mais essa necessidade das pessoas estarem em casa, mas conectadas com o exterior ao mesmo tempo.

Proposta de Escritório no Jardim por Buried Studio para cliente no Rio de Janeiro
Fonte: Design Boom

Por isso a matéria foca bastante também na questão dos escritórios em casa. Como adaptar layout e mobiliários para se transformar em escritório? Como trabalhar em casa e conseguir concentração e produtividade? Como os interiores podem se adaptar a esse “novo normal”?

Diversos designers tem criado propostas de mobiliários híbridos e marcenaria robôtica, que tornaria essa transformação rápida e eficaz, adaptando móveis de descanso para trabalho sem perder a ergonomia e a funcionalidade.

Uma dela é a Ikea, que tem investido num laboratório de criação com diversos escritórios e designers do mundo chamado Space 10 para repensar a maneira que vivemos e trabalhamos.

De fato muitas mudanças ainda ocorrerão para acompanhar esses novos tempos. Casas, escritórios, ambientes de varejo e espaços urbanos precisarão se adaptar para um mundo novo o qual ainda estamos tentando imaginar.

O que ainda vai ser tranformado? O quão longe essas mudanças nos levarão?