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Casa do futuro: o que esperar das smart homes

6 de abril de 2020

O que é o futuro? Ele já chegou ou ainda está por vir? Como será nossa casa em 20 anos? Em tempos de Alexa/Siri e ambientes ultra conectados através da internet das coisas, será que nós já não estaríamos vivendo o futuro das moradias com as smart homes?

A Architectural Digest entrevistou alguns especialistas que opinaram com alguns insights de como viveremos daqui há 20 anos e de como já estamos experimentando um pouquinho desse futuro agora mesmo no presente.

Desconexão

O que? Como assim? Segundo Yves Behar, designer suíço criador da FuseProject e responsável por uma série de projetos inovadores para arquitetura, design e construção civil (como esse projeto sobre impresão 3D que já comentei por aqui) a tecnologia será silenciosa.

Os aparelhos, gadgets, telas e fios continuarão fazendo parte da nossa vida, mas de um maneira quase invisível. Para Behar, a casa daqui há 20 anos será silenciosa e focada na interação humana, sustentabilidade, saúde e bem estar.

As smart homes serão um lugar de paz, onde o habitante poderá se desconectar da tecnologia que estará presente em excesso nas ruas e no trabalho.

Em tempos de quarentena onde a preocupação com a saúde mental e o download de apps de meditação e yoga são crescentes, não me surpreende que as previsões de Behar sejam certeiras e pontuais.

Mais tecnologia, porém menos tecnologia

Segundo Isabelle Olsson, diretora de design para Casa do Google, a tecnologia nos ajudará a desconectar. Gadgets, equipamentos eletrônicos e apps nos apoiarão em tarefas domésticas e lembretes de atividades pessoais e profissionais, nos ajudando a ter mais tempo livre para se cuidar.

A também diretora de produtos para o Lar da Home Depot, Elizabeth Mattes, confirma a fala de Olsson afirmando que a tecnologia das smart homes dominará a casa e será possível executar atividades complexas apenas com um simples toque na tela do celular.

Conversando com paredes

Para Yves Behar, as paredes das casas serão telas touchscreen, que com apenas uma palavra nos transportarão para experiências alegres e inspiradoras, quase psicodélicas. Quem assistiu Black Mirror viu um pouco disso em alguns episódios.

Karim Rashid, famoso designer industrial egípcio-canadense também afirma que as paredes vão interagir com os moradores da casa: serão cobertas de papel de parede 3D feitos de polímeros e silicones que ao serem tocados formarão imagens, formas, textos e cores que podem ser trocados de acordo com o humor do dono da casa.

Nem eu consigo imaginar tamanha tecnologia…

Balanço da vida cotidiana

Para Robin Standefer e Stephen Alesch, arquitetos e sócios da Roman&Williams espaços como grandes salas de jantar e grandes salas de TV darão lugar a espaços reservados para escritórios e o trabalho em casa. Novamente, em tempos de quarentena por conta do Corona Vírus, não é de se impressionar que isso se torne verdade.

Para eles, a casa inteira sofrerá uma grande adaptação para abrigar homeoffices até mesmo os quartos que se transformarão drasticamente através de marcenaria multifuncional.

O único ambiente sem alterações será a cozinha que nunca deixará de existir, até mesmo para aqueles que pedem comida em casa. Todos eventualmente precisarão esquentar alimentos, refrigerar sobras e lavar louças em algum momento do seu dia.

Sobre essa adaptação de ambientes, recomendo assistir a série História da Vida Doméstica que gravei lá no Youtube contando um pouco da evolução dos ambientes domésticos até os dias de hoje.

Pequenos Espaços

Para Behar, os espaços serão cada vez menores por conta do alto preço dos terrenos e da escassez de terra, além da mobilidade das pessoas que será constante, questionando a necessidade de manter-se em grandes espaços.

Behar inclusive vem desenvolvendo junto com a Ori Systems, uma startup de design do MIT, um sistema de móveis modulares robóticos que se transformam ambientes em diferentes composições com apenas um comando.

Para Jeff Wilson, fundador do Kasita, startup focada em pequenas habitações para viajantes, a casa será um abstração sem paredes e nem tijolos. Como assim?

Segundo ele, as residências serão produtos pessoais que poderemos posicionar em qualquer lugar do mundo: é só escolher um lugar no mapa (pode até ser um rooftop de um prédio) e se mudar todo mês através de um sistema de transporte aéreo pilotado.

Muito maluco? Calma, que esse futuro para Wilson, ainda vai demorar mais do que 20 anos.

Conectividade e Comunidade

Para Nirav Tolia, fundador da NextDoor, empresa focada em sistemas para conexão de vizinhanças e comunidades, as casas e apartamentos do futuro funcionarão através de redes gerando sistemas eficientes e econômicos que beneficiarão vizinhos.

Seria uma ideia parecida com o que hoje chamamos de colivings, onde espaços comuns, como lavanderias e escritórios, são colaborativos e divididos, economizando energia e gerando mais eficiência para os edifícios e comunidades.

No Brasil, onde temos um grande número de comunidades carentes e favelas onde várias pessoas vivem apertadas em pequenos espaços e a colaboração entre vizinhos é algo bastante forte, talvez isso seria uma boa saída para resolver problemas complexos de qualidade do habitat.

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O que vocês acham dessas previsões? Assustadoras? Surreais? Imaginativas, mas com um quê de realidade? É fato que precisaremos observar as mudanças crescentes que a tecnologia das smart homes vem trazendo para a arquitetura e a construção civil para termos um diagnóstico mais detalhado.

Contudo, algumas previsões são altamente factíveis e interessantes estudos de caso para pensarmos agora, antes do futuro chegar. Se ele já não chegou…