Impressão de camadas de concreto em grande precisão, indo direto do computador para uma impressora gigante, reduzindo o desperdício, o prazo de entrega e o uso de mão de obra, e ainda por cima, priorizando a eficiência energética, hídrica e o conforto térmico; reduzindo também os custos de manutenção.
Sonho? Pelo contrário, uma realidade real e, trocadilhando a palavra, concreta.
Em Nantes, numa parceria entre a prefeitura e a Universidade, já existe uma casa-modelo construída e habitada por uma família de 7 pessoas, exatamente nesses moldes. A casa levou 54 horas para ser impressa –foram necessários mais quatro meses para a instalação das janelas, portas e do telhado– e custou 20% a menos do que um imóvel feito pelo método tradicional. Também há projetos similares na Itália, EUA e Reino Unido.

Nos EUA, o aclamado designer suíço e especialista em eco-design, Yves Behar, juntamente com a NewStory, uma startup de impacto social focada em habitação para desabrigados e refugiados, e a ICON, empresa de tecnologia de construção dedicada a revolucionar a elaboração de casas; criaram um projeto piloto com intenção de construir uma comunidade inteira só usando impressão 3D e que vai ser desenvolvido em algum lugar da América Latina (a cidade teste ainda está sob escolha). A única coisa que se sabe ao certo é que as casas serão montadas em, pasmem, apenas 24 horas!
A intenção da parceria é que qualquer pessoa do mundo possa ter acesso ao projeto e usar a impressora do grupo, que deve ser disponibilizada em vários lugares do planeta. Claro que existem todas as questões legais a serem pensadas, desde o parcelamento do solo até a propriedade do terreno, mas não podemos negar que toda a ideia é impressionante.


Não exatamente focando na impressão 3D, mas utilizando o pensamento da racionalização, baixo custo e otimização de material; a Amazon, (que já falei por aqui em outros artigos, está super interessada no mercado de arquitetura e design), começou a vender o projeto de uma casa pré-fabricada no valor de 7 mil dólares e que pode ser montada por 2 pessoas em 2 dias. Sem engenheiro, sem arquiteto, sem construtora!
Em vista disso tudo, como fica o futuro da construção civil como nós a conhecemos? Obras que duram anos e empregam milhares de pessoas e um mercado gigante de fabricantes de insumos para construção, provavelmente não sobreviveria muito tempo se todos esses projetos de pré-fabricados e super impressoras vinguem de verdade.
No Brasil, programas como “Minha Casa Minha Vida”, que tiveram seu ápice em 2010, elevando o PIB da construção civil para 13%, já não fariam mais o menor sentido. O desemprego no Brasil seria gigante, já que 13 milhões de pessoas são empregadas nesse mercado. O custo de se construir hoje no Brasil é alto demais.

O que fazer com essas pessoas? Como ficaria todo esse mercado de produtos como tijolos, telhas, gesso, argamassas e tubulações? Quanto tempo ainda temos sobrevivendo a essa lógica construtiva que vai perdendo sentido em ritmo exponencial? Seria o fim da construção civil tradicional ou um redirecionamento de propósito?
Muitas perguntas que arquitetos, engenheiros e designers deveriam começar a pensar o mais rápido possível.