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Visita ao Atelier de Rodrigo Almeida

17 de agosto de 2014

E segue o nosso primeiro post diretamente da Design Weekend, a maior feira de design da América Latina que reúne em 5 dias várias  mostras, exposições e eventos relacionados ao design de interior, produto e gráfico. Não vamos postar exatamente por ordem cronológica dos eventos, por isso decidimos começar com uma visita que fizemos hoje ao atelier do designer Rodrigo Almeida no bairro da Vila Madalena.

Rodrigo é considerado um dos grandes novos nomes do design de produto e mobiliário nacional e abriu seu atelier para visitantes onde aproveitamos para fazer uma entrevista bem legal aqui pro blog. Rodrigo é uma delicadeza de pessoa, jeito manso de falar, um artista humano e muito humilde.

 

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SP: Rodrigo, qual a tua formação e onde você nasceu? Qual a sua origem?

RA: Eu sou autodidata, nasci no interior de São Paulo em Sorocaba, sou de ascendência baiana, meus pais são da Bahia. Vim para São Paulo há alguns anos, morei um pouco fora do Brasil e agora estou aqui, montei meu estúdio aqui.

SP: E como você começou a se interessar pelo design de produto?

RA: Então na verdade eu achava que seria artista plástico, mas então eu fui testando produtos, convivendo com as pessoas e descobri que minha vocação era fazer produto, o suporte do design me desafiava mais porque além da plástica tinha uma função, mesmo que você possa desafiar essa função, tem que ser minimamente funcional.E aí isso foi crescendo na minha cabeça, viajei, comecei a estudar e você começa a perceber que o design é mais amplo. Estudar os mestres, os designers italianos, franceses, enfim e aí a ficha foi caindo. Aí eu me encontrei, em algum momento deu aquele estalo.

SP: O que você acha do design brasileiro que tem uma identidade cultural muito forte e crescente mas ao mesmo tempo está muito voltado para as classes AB? 

RA: Eu tento fazer um trabalho mais acessível, como a coleção de cerâmicas que são peças únicas e o preço é muito bom no mercado. Eu não digo que não consigo fazer um objeto muito barato, porque são peças únicas, foram feitas à mão, levam tempo, tem impostos, custos. Basta não acreditar que pagar mais caro é status, tirando isso da frente você consegue fazer um preço bastante razoável e acessível numa peca especial.

SP: E como é teu processo criativo, de onde vem tua inspiração?

RA: O povo brasileiro é mestiço em todas as suas possibilidades estéticas, filosóficas e tem várias camadas de coisas, tem a matriz principal que é o negro, o índio e o português, em São Paulo tem muito japonês, italiano, aí você faz esse caldeirão de onde que surge essa identidade brasileira que existe, que é unica, mas não é tão palpável. A cultura do objeto brasileiro é muito recente: você tem os modernistas, os Campana e agora os pós-Campana, você não tem 500, 700, 1.000 anos de história. Mas a gente é tao forte na nossa história que a gente já tem identidade, muito mais forte do que o objeto americano, australiano que são países da mesma idade.

SP: Você tem alguma preferência por algum material?

RA: Na verdade eu gosto mais de tecido e couro, gosto muito de estofamento. Mas posso dizer que eu gosto de tudo.

SP: E no Nordeste, tem alguma coisa no Nordeste que te encanta?

RA: Eu amo, acabei de fazer um grupo chamado Armorial, de design armorial. A gente vai para um curtume, em Campina Grande e Maceió com um mestre tradicional e vamos  trabalhar com essa cultura tanto decorativa dos pespontos, dos recortes, como a lógica do curtume mesmo, queremos fazer uma versão nova da showboi e e um grupo que eu montei com descendente de nordestinos: eu, Zanini, Sergio Matos e Rodrigo Ambrósio. Adoraríamos até ter um designer de Recife, porque é um grupo que não é fechado, a única regra do grupo é que seja ou nordestino ou descendente.

 

Para saber mais do trabalho de Rodrigo Almeida:

www.studiorodrigoalmeida.com