Um espaço bem planejado e decorado pode fazer muita diferença no seu dia a dia!
Para começar, olhem bem para esses dois ambientes:
Se você tivesse de descrever cada um desses ambientes, utilizando apenas sentimentos, como você os descreveria?
E se você utilizasse apenas sensações para descrevê-los, como seria?
Agora, percebam, qual ambiente te fez falar com mais entusiasmo? Qual deles foi mais fácil traduzir em coisas boas?
Você acha que ambas as fotos mostram o mesmo ambiente? Definitivamente, não! O espaço é o mesmo, mas o ambiente é outro! Quando falamos em “ambientação” ou “projeto de ambientes” definitivamente não podemos falar apenas de quantos sofás, cadeiras e mesas terá no espaço. Precisamos falar de necessidades, de climas, de rotinas, de sensações e sentimentos, pois sim, o ambiente em que você vive influencia diretamente no seu comportamento e no que você sente. Para o mesmo espaço, mil soluções de diferentes ambientes – você só precisa escolher o mais adequado à você!
Sabe aquela coisa que você não gosta de sua casa e sempre que vai apresentá-la a alguém você diz “É.. eu odeio isso, mas paciência, um dia eu corrijo”. Ou aquele móvel mal posicionado que você sempre bate nele quando tá com pressa e grita “Aiii que ódio dessa mesa!!”. E quando você chega em casa e a casa está uma bagunça e você desanima – “Afff.. que tristeza chegar em casa e encontrar essa bagunça!” (Acho que essa é quase unanimidade, né?). Não esqueçamos também do seu local de trabalho.. quanto tempo perdemos organizando nossa mesa antes de começar a trabalhar? Bom, são situações de ‘pequenos stresses’ como essas que contribuem para o aumento da sua irritabilidade cotidiana. Pensando na situação oposta, nada como chegar em casa cansada e se deparar com uma sala de iluminação relaxante, um cantinho acolhedor, e a sensação de que tudo está em harmonia com você, não é mesmo?
Muitas vezes, não planejamos o ambiente de acordo com as nossas reais necessidades e, assim, somos forçados a nos adaptar ao ambiente construído, quando na verdade, o ambiente é que teria de ser adaptado à nós, e trabalhar em nosso favor. É muito comum recebermos em nosso escritório clientes que não tem ideia do que desejam para seu ambiente, ou, ao contrário, clientes que tem ideias demais para o seu ambiente, e quer conseguir encaixar uma pasta inteira de imagens do pinterest em um único espaço (rsrsrs adoro!). Isso se dá porque inicialmente tentamos pensar já nas soluções do ambiente (como ele vai ser) antes mesmo de refletir sobre as necessidades (o que eu preciso?), gerando soluções de ambientes bonitos, dentro da “tendencia”, até um pouco funcionais, mas desprovidos de personalidade.
“Eu gostaria de colocar um sofá aqui, uma daquelas mesas que vi na revista e a estante desse lado com uma poltrona de leitura”. “Certo, legal! Você gosta de ter um lugar confortável para ler, não é?”. “Eu nem tenho tempo para ler, não lembro o último livro que li, uso sempre o computador, mas tem que ter uma poltrona confortável e bonita na sala, né?”. “Nãooooo!” Esqueçam esse tal de “tem que ter!” – a sua casa não precisa ter a mesma coisa que a minha! Se nós temos diferentes realidades e necessidades, por que nossos espaços são bem parecidos??
Na minha perspectiva estamos passando por uma contradição: pessoas que querem exclusividade e ter um “ambiente diferente igual ao da revista”. Se é igual ao da revista, já não é tão diferente né? Mas ao mesmo tempo, está cada vez mais difícil apresentar soluções genuinamente originais – o google está aí para provar que aquela ideia massa que você teve alguém do outro lado do planeta também pode ter tido – e antes de você! Então, como faz Lombardi? Para mim é simples, mas ao mesmo tempo complicado para muitos: livre-se do preconceito que você tem formado sobre determinado tipo de espaço. Que tal mudar o pensamento de que uma casa é um “local de moradia composto por diferentes ambientes como sala de estar/jantar, cozinha, quarto e banheiro” para “espaço de moradia onde é possível realizar atividades essenciais ao bem-estar do indivíduo”. Sentiu a diferença? Você precisa ter um local para manipular alimentos, não necessariamente de uma cozinha completa. Você precisa de um local para receber amigos, não necessariamente de um sofá com duas poltronas. Você precisa ter um espaço para armazenar suas roupas, não necessariamente um “guarda-roupas” que tem 3 portas de correr, sendo uma de espelho, e ocupa uma parede inteira! Essa mudança de pensamento se torna cada vez mais necessária, à medida em que os espaços vão diminuindo e ao mesmo tempo acumulando funções. Ao se distanciar do pensamento “tem que ter” e nos aproximar do “por que ter?”, nossos espaços vão se adaptando à nós, funcionando melhor e se tornando exclusivos, pois tornam-se reflexo da sua personalidade e rotina, entrando em harmonia com você e trazendo bem-estar. Eu entendo que muitos de nós temos medo de ousar e acabar causando “estranhamento” aos seus amigos e familiares – mas de quem é mesmo o espaço?? E se você acha que pode ficar feio, chama um profissional que você tenha confiança e entenda suas necessidades para junto com você montar um projeto (a gente trabalha para isso!! hehe).
Para que um ambiente te faça bem, você precisa “gostar dele”. Para você gostar, você precisa se identificar. Sabemos que a auto-estima está diretamente ligada ao sentimento de “estar feliz” – sobre isso tem milhares de estudos – então quando você se identifica e se sente parte dele, ele te faz feliz. Por isso não importa se soará “estranho” para outro, ele só precisa ser familiar para você e quem mais conviva no mesmo espaço.
Dessa forma, aos poucos, vamos trazendo mais pluralidade aos projetos de interiores e mais exclusividade aos seus respectivos donos! Um apartamento pode ter a mesma metragem, mas não precisa ter o mesmo padrão de distribuição.
Tudo precisa estar adequado à você: a distribuição do espaço, o dimensionamento do mobiliário, os acabamentos, as cores, etc. Para decorar, escolha objetos que te fazem feliz. Esqueça aquele quadro “assustador” da sala, posicione bem aquela estátua para você não confundi-la com um vulto no escuro, retire os objetos pesados de cima do baú que te dão preguiça de abri-lo. Enfim, deixe o ambiente falar coisas boas por e para você! Esqueça o senso comum e adapte o seu espaço, se não viu na casa de ninguém, que tal ser o primeiro?
Bancada de estudo pode combinar com sala de estar sim.
Muitos livros na sala não precisam resultar em bagunça e poluição visual se tiver uma estante bem dimensionada.
E se a estante de livros da sala se transformasse em seu ateliê?
E por que não ter uma mesa de sinuca na sala?
Nem só de conjuntos de mesa e cadeiras de vime se faz uma varanda!
Aliás, esse é um espaço que pode assumir diferentes formas, por que não a de um estudio?
Aquela sua coleção não precisa ficar no armário… que tal expô-las de forma a criar um efeito visual no ambiente?
Sua prancha de surf não precisa ficar no depósito.
E se você quisesse morar em um bosque?
Ou trazer a natureza mais para perto?
Nem todo mundo tem a alma neutra!
Por que não considerar seu amigo pet no projeto?
São muitos os exemplos, e claro, nem todos devem agradar você. Já dizia um professor de marketing meu “se você não gostou, é por que aquilo não foi feito para você!” Nem tudo é para todo mundo! E assim podemos ser essa diversidade, não é mesmo?
E você, o que acha disso? Você tem algo em sua casa ou ambiente de trabalho com o que você se identifica? Tem algo em seu ambiente que te irrita? Conta pra gente! Podemos dar umas dicas para te ajudar!
:*
Ceci S.
Referências das fotos: Google Images / Ambiente coleção de xícaras – projeto dos proprietários em casa em Connecticut / Ambiente colorido com parede azul – Projeto Gustavo Calazans / Ambiente cinza com prancha de surfe preta – Projeto Kroth para Casa Cor RS /
