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Como os prédios contribuem para a mudança climática?

21 de dezembro de 2019

Sabemos que reduzir a emissão de dióxido de carbono na atmosfera é o caminho para uma verdadeira mudança climática. Mas o que e quem vem a ser o principal poluidor da nossa atmosfera?

Segundo um relatório do CNN Climate Change Forum, os três principais emissores de CO2 vem das cidades, seus carros e prédios: é a gasolina que queimamos para o transporte, atividades industriais para construção de edifícios (fábricas de cimento, por exemplo) e termoelétricas para gerar energia para nossas casas.

Mudança Climática x Construção Civil

A construção civil emite 36% do uso de energia global e 39% de emissão de CO2 anualmente, de acordo com pesquisa do Bureau de Sustentabilidade das Nações Unidas. Nos Estados Unidos, prédios residenciais e comerciais somam 40% do consumo de energia do país!

São números muito altos em tempos de preocupação climática urgente, onde dados da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA), mostram que o nível de gás carbônico na atmosfera da Terra cresceu pelo sétimo ano consecutivo.

E mais… um relatório publicado pelo Centro Nacional de Descoberta do Clima da Austrália prevê ainda que as mudanças climáticas podem levar o colapso da humanidade até 2050, extinguindo cidades, animais e espécies de plantas.

Como ocorrem essas emissões?

As emissões de gás dos prédios ocorrem de duas maneiras: A primeira é o uso de energia no dia-a-dia que vem do aquecimento, eletricidade, resfriamento (aquecedor, luz elétrica, geladeira). Segundo é a geração de materiais de construção, seu transporte para o local da obra e o atual processo de construção (só esse processo ultrapassado e engessado consome 1/4 da emissão total de CO2 do ciclo de vida de um edifício).

Gráfico mudança climática construção civil

Infelizmente essas emissões tem crescido anualmente na faixa de 1,5%, o número de m2 de construção tem aumentado 2,3% anualmente e as emissões de CO2 pela construção civil tem expectativa de dobrar até 2050, se medidas urgentes não forem tomadas

E como essas emissões podem ser reduzidas?

A descarbonização ou a tentativa eliminar a emissão de CO2 na indústria da construção pode ocorrer de várias maneiras.

O primeiro e mais simples passo vem através da eficiência energética, utilizando técnicas simples que diminuam o calor ou o frio. O segundo é substituir combustíveis fósseis, como o petróleo, por outros tipos de energia. O terceiro é a compensação de carbono através de edifícios eficientes.

Um edifício eficiente poderia ser uma estrutura totalmente nova ou poderia ser gerado através de um retrofit de um prédio antigo com mudanças nos sistemas de aquecimento, energia e refrigeração.

Alguns setores da arquitetura e da indústria da construção tem adotado certificações verdes como a LEEDEnergy StarPassive House, mas com a urgência do problema, seriam essas soluções suficientes?

Como as cidades precisam se envolver no problema

Essas soluções isoladas, infelizmente, não seriam suficientes para resolver o problema até 20150. Precisamos de mais: políticas governamentais locais, estaduais e federais, num conjunto de estratégias de massa para gerar uma verdadeira mudança de hábitos.

Vamos precisar repensar como vivemos, trabalhos, nos deslocamos e como planejamos tudo o que está a nossa volta. Construir com densidades maiores, diminuindo grandes deslocamentos, privilegiar o uso de bicicletas, proibir carros, exigir materiais e alimentos sustentáveis…

Arquitetos tem um enorme papel nessa revolução. Precisam abraçar de vez a sustentabilidade, reconhecendo que a mudança climática precisa de ações urgentes que demandam mais do que escolher um piso ecológico num projeto.

A real mudança climática vai muito além dos edifícios, ela deve ser social e humana.