Referências são bases usadas por qualquer profissional criativo para encontrar as melhores soluções de projeto. As referências no design e na arquitetura podem vir de qualquer fonte como cinema, música, teatro, história, viagens e até mesmo a moda. Essas áreas se costuram e interconectam entre si, inspirando umas às outras em diversos projetos importantes da nossa linha do tempo.
Os artistas sempre usaram os trabalhos uns dos outros para encontrar inspiração. Por exemplo, o impressionismo nasceu após a invenção da fotografia, que permitiu a captação de luzes específicas, ampliando o olhar de artistas como Monet. O Movimento romântico do Medievalismo, que se popularizou com William Morris no final do século XIX, teve como objetivo preservar o legado inglês e foi inspirado em livros e pinturas da Idade Média.
Movimento Memphis
Um caso bastante interessante do uso de referências é o Movimento Memphis criado por Ettore Sottsass em 1981 em Milão que se juntou com outros artistas da época com o intuito de derrubar o status quo minimalista da década de 70.
A proposta era desenvolver um movimento artístico baseado em tudo que fosse considerado mau gosto para a época, somado às figuras geométricas de Art Deco e as paletas de cores PopArt. Mas analisando o movimento a fundo, as referências vem de muito mais longe.
As primeiras cerâmicas de Sottsass, produzidas entre o final dos anos 1960 e início dos anos 1970 – a Indian Memory Series – remontam à sua primeira exploração da Índia no outono de 1961 (essas cerâmicas já continham elementos gráficos que veriamos futuramente no Memphis).
Após essa primeira viagem, Sottsass fez visitas anuais de volta à região indiana e essas expedições foram sucedidas por uma efusão de trabalho criativo – Sottsass foi atraído pelo esoterismo e misticismo do hinduísmo e do sul da Ásia. Os icônicos moinhos de pimenta e saca-rolhas que Sottsass projetou para Alessi em 1989, também nasceram da exposição de móveis de 1988 “Bharata”, que partiu de uma colaboração com artesãos indianos.
De fato, muitos pioneiros do design, de Charles e Ray Eames a Le Corbusier, passaram uma quantidade considerável de tempo em outros continentes, viajando, coletando e caçando ideias.
Como usar referências?
• Use referências diferentes para diferentes “camadas” do seu projeto e combine-as. Somente misturando as melhores partes de diferentes trabalhos você criará algo único.
. Procure fontes confiáveis – quanto mais rica as fontes da sua busca, maiores as chances de uma inspiração mais madura e consciente (vide o caso de Ettore Stossas com as casas de um vilarejo minúsculo da India).
• Tenha cuidado com os detalhes. Aprenda a entender as decisões de outras pessoas. Como o artista usou a luz e a composição nesta peça? Por que ele/ela estilizou o trabalho assim? Faça a si mesmo perguntas sobre sua referência.
• Evite cópias cegas. É crucialmente importante para o seu trabalho entender profundamente por que algo que você vê é considerado bom e por que você deseja usar uma determinada composição, estilo ou esquema de cores.
Se você deseja se aprofundar na construção de referências para seus projetos de arquitetura ou design, recomendamos o curso “Estado da Arte” do TabullaLab, o laboratório de educação do Tabulla.