Arquitetura

Quero ser arquiteto! E agora o que fazer?

26 de abril de 2018

Quero ser arquiteto! Você já pensou nisso em algum momento da sua vida?

Esse post é pra você que tá naquele ano de vestibular, virado nos conteúdos do Enem, e na maior dúvida do que fazer da vida. Ou até mesmo pra você que tá se reinventando na sua área, procurando um novo propósito de vida, querendo se renovar e por algum motivo se identificou com a profissão de arquiteto.

Sempre me perguntam como é ser arquiteto, como escolhi essa profissão, quais os altos e baixos, o que fiz assim que me formei…. Então bora lá falar um pouco sobre isso!

1 – Como foi o meu caminho

Primeiro vou falar um pouco sobre como escolhi ser arquiteta! Eu sempre quis fazer isso, de verdade. Eu já falava isso muito pequena quando perguntavam o que eu queria ser quando crescer: arquiteta ou pintora. Por quê? Provavelmente porque sempre amei desenhar. Não só por isso, mas eu também tinha uma curiosidade enorme sobre como as coisas eram construídas e pensadas.

Me lembro do pedreiro que fazia trabalhos pro meu pai construindo o muro da minha casa e como eu amava olhar ele misturando o cimento com a água pra formar a argamassa, eu ficava pedindo a ele pra mexer!!! Lembro de uma favela que tinha perto da minha escola primária e de como eu adorava ver as pessoas entrando num pequeno beco voltado pra rua e me perguntar onde aquilo ia dar, como aquelas pessoas moravam ali. Esse universo me encantava.

Mais tarde, por volta dos meus 15 anos, meu pai comprou um apartamento e decidiu fazer um projeto de ambientação. Eu adorava ir no escritório da arquiteta com ele, escolher materiais, visitar a obra, olhar a planta. No segundo ano do colégio, fiz um teste vocacional, e dentre algumas profissões que tive aptidão, arquitetura estava lá. Não tive dúvidas na hora de marcar o X na ficha de inscrição do vestibular (na minha época não era ENEM….rssrsrsrsrs #velha).

2- Arquitetura não é conto de fadas

Quando entrei na faculdade, foi uma decepção enorme. O curso não era nada do que eu esperava. Os desenhos eram complexos, nada bobinhos, exigiam um traço absurdo, extremamente técnico, enquanto eu só gostava de desenhar a mão livre. Os professores eram muito exigentes e eu tinha que estudar um monte de matérias que detestava como geometria analítica e cálculo, mas que eram necessárias na minha formação. Pensei em desistir várias vezes, tive momentos horrorosos de depressão.

Fora que arquitetura não é um curso naaaada fácil. Várias pesquisas como essa aqui confirmam que arquitetura é o curso que mais demanda dedicação e tempo de estudo. São horas pendurados em projetos que não tem fim, noites viradas, cargas horárias exaustivas, professores artistas que tem o ego infladíssimo. Fora tudo isso, ainda tem que conciliar com o estágio que é de fundamental importância na profissão: ter a experiência prática em escritórios.

Quem se forma em arquitetura no final das contas tá preparado pra qualquer rojão: desenhar, escrever textos perfeitos, criar apresentações incríveis, falar em público, mexer em um monte de softwares. O curso testa todas as suas habilidades ao extremo. Tem que gostar muito e querer muito fazer isso. Eu fui até o fim, porque descobri com o tempo (lá por volta do sexto período) que gostava demais daquilo tudo.

2- Não precisa saber desenhar, mas ajuda 

Acho que a maior dúvida de quem vai fazer arquitetura é se precisa saber desenhar. Precisar saber não precisa! Claro que ajuda bastante se você tiver aptidão para o desenho, mas lembre-se que você também vai estudar matérias que desenvolvem seu traço durante o curso. E hoje em dia com o advento dos programas de informática, a exigência do traço perfeito não é mais necessária.

Se você conseguir desenvolver um bom croqui já é o suficiente, não tem necessidade nenhuma de querer desenhar igual a Picasso. Mas é fundamental que você goste de habilidades manuais: mexer com barro, gesso, cortar e colar papel. Também ajudar se você gostar de arte em geral…museus, cinema, teatro. Tudo isso ajuda a aumentar o seu repertório e desenvolver seu lado criativo.

4- Tem que ralar muito e gostar do que faz

Quando a gente vê o arquiteto representado nos filmes, na TV, nas colunas sociais é sempre cercado de muito glamour. Na real, não é nada disso! O começo da profissão é bastante difícil, você tem vários caminhos a seguir como projeto, urbanismo, interiores, mas a maioria dos formados ainda não tá pronto pra decidir logo de cara. E vem aquela cobrança enorme da família de que você decida logo, mas não é assim.

Quando eu me formei fui contratada pelo meu estágio que era na área de urbanismo e que eu gostava muito. Mas com o tempo, acabei  me decepcionando e só depois de uns 4 anos de formada me encontrei na área de interiores. Nesse meio tempo ainda fiz o curso de design gráfico para me encontrar melhor e preencher algumas lacunas que ficaram vazias durante o curso; e posteriormente (com 5 anos de formada) fiz Mestrado em Design, área que acabei agregando ao meu lado arquiteta.

Passei vários perrengues nos meus 10 anos de formada, empregos malucos que exploravam, salários baixos, inexperiência ao lidar com o cliente. Mas tudo isso foi importantíssimo para o meu crescimento. Arquitetura não é um mar de rosas e são poucos os que já saem do curso com uma proposta de trabalho maravilhosa e super decidido do que quer fazer. O tempo é super importante para o desenvolvimento profissional do arquiteto, que diga-se de passagem, não pode parar de estudar nunca! Apesar de tantas matérias e de tanto esforço, o curso prepara muito pouco para a vida real, diferente de outras profissões.

Por isso que tem que gostar muito do que faz para não parar no meio do caminho. Tive vários amigos que acabaram abandonando para estudar pra concurso e trabalhar em outras áreas porque acabaram vendo que não tinham perfil, fora os que desistiram na metade do curso, que na minha turma foi quase 50%. O processo é demorado mesmo! Pra chegar no glamour dos filmes demora um pouquinho, tá?

5- Os caminhos são muitos!

Depois de tudo isso, não se choque, nem fique desestimulado! Foi apenas uma conversa real e verdadeira da minha experiência na área, fora dessa imagem sem noção de novela da Globo. No final das contas eu sou muito apaixonada pelo que faço e  apesar de muitas frustrações com a arquitortura, não me vejo fazendo outra coisa.

Se você sente que esse caminho é pra você, se você se vê nessa área, se gosta de estudar, se gosta de criar, de desafios, vai fundo! Os caminhos para quem faz arquitetura são muitos e vão muito além de apenas projetar…. existem arquitetos cineastas, fotógrafos, artistas plásticos, professores universitários, e por aí vai! Se tem uma formação universitária super completa existente hoje, pode ter certeza, é ser arquiteto! Você vai sair, sem dúvida, preparado pra qualquer rojão que a vida vai te oferecer.

Boa sorte e te aguardo aqui do outro lado!