Decoração Design

Visual Merchandising: aprenda a valorizar o espaço comercial

2 de julho de 2018

O que é Visual Merchandising? Quem me acompanhou recentemente no instagram (@salapopstudio) percebeu que eu passei uma temporada no Rio de Janeiro. Fui justamente aprimorar meu conhecimento profissional no IED (Instituto Europeu de Design) e um dos cursos que fiz por lá foi o de visual merchandising.

O famoso VM é a técnica usada para traduzir a identidade da marca para promover vendas através de melhorias no espaço físico. É utilizado em todo tipo de comércio e de extrema importância para aumentar a relação do cliente com o produto. O VM começou a ser utilizado no início do século XX, quando as vendas faladas (de porta em porta) começaram a morrer e as vendas físicas diretas nas lojas ou balcões iniciaram o seu boom (os vendedores começaram a notar que quando o cliente anda pelo espaço ele compra mais, ao contrário do que era feito na venda falada).  A tal da vitrine ajudava muito a vender e melhorar o relacionamento dos clientes com a loja, criando fidelidade!!

O visual merchandiser trabalha com a imagem do espaço comercial, a vitrine, a entrada da loja, o interior  e não só com a vitrine como muitos pensam…É um trabalho grande!

Armazém de Secos e Molhados na primeira década de XX e o início das vendas visuais e da organização do espaço comercial para atrair clientes.
Barraca de frutas na feira: Tem VM aí sim…Da organização das cores das frutas à bananas penduradas!

 

Quem pode ser VM?

Qualquer pessoa pode se tornar um VM, mas as profissões mais procuradas são arquitetos, designers de interiores, designers de moda e publicitários. Inclusive O VM trabalha diretamente com o pessoal da arquitetura na criação do projeto da loja: é ele quem vai ajudar o arquiteto inicialmente a indicar melhorar posições de prateleiras, araras e PDVs como consultor para melhorar estratégias de vendas.

Praticamente toda loja, principalmente se forem grandes redes, tem um VM que planeja mensalmente a organização visual do espaço e ambientação da loja. E se forem datas temáticas como Dia dos Namorados, Natal, Dia das Crianças, etc… aí é que o VM entra com tudo mesmo, precisando usar a criatividade para atrair mais clientes para a loja. Você já percebeu que se você for duas semanas seguidas para um loja que você gosta e ela estiver exatamente igual sem nenhuma mudança você fica entediado? É exatamente isso que o VM não pode deixar acontecer…

Vitrine fofíssima decorada com guarda-sóis na Farm de Ipanema, RJ.
Interior da Farm do  Shopping da Gávea, RJ, que estava promovendo um campanha que eles fizeram com a Pantone (por isso os post-its coloridos).  Super criativo, né?

 

Como o VM trabalha?

Primeiro o VM precisa entender muito de branding! Quem é a marca que ele está trabalhando, qual o DNA dela, que mensagem essa rede quer passar aos seus clientes e caminhar lado a lado com o propósito da marca. Por exemplo, uma marca como a Farm, que palavras você tem em mente quando pensa nela: descolada, carioca, praieira, informal. Esse conceito precisa estar impresso em qualquer alteração pensada pelo profissional na loja!

Segundo, ele precisa entender quem é o cliente da loja (novamente isso tem muito a ver com branding): Com quem você está falando, do  que essa pessoa gosta, onde ela mora, quantos anos ela tem, o que ela consome?

E se for uma loja de roupas, o VM ainda precisa entender muito sobre moda também! Qual foi a inspiração do estilista, as formas usadas, as tendências do  momento, a cartela de cores, os materiais e tecidos da coleção… ufa!!!

Depois de ter muuuuuito conhecimento sobre tudo isso é hora de pesquisar referências criativas, fornecedores, fazer experimentações e desenvolver pilotos em maquetes físicas ou em 3D para ser aprovado pela diretoria da rede (principalmente para vitrines temáticas e corners).

MoodBoard eInterior de loja  para a Mercatto que fizemos na conclusão do nosso projeto lá no IED

Criatividade

O VM precisa ser bastante criativo para sempre inovar sem cair na mesmice! Ele precisa entender bem o espaço da loja para ver que áreas são mais valorizadas visualmente pelos clientes. Numa loja sempre temos os seguintes ambientes:

  • hotzone (área de maior destaque da loja, onde devem estar os produtos de maior venda ou lançamentos)
  • área de circulação (onde os clientes irão circular)
  • área de transição (geralmente o fundo da loja, ideal para expor produtos de uso cotididano)
  • corners (no meio da loja, utilizadas para ações especiais)
  • caixa (ideal para produtos pequenos e expositores)

Com isso ele deve pensar bem em como distribuir esses produtos nesses espaços de modo que a organização valorize a venda, priorizando as coleções de lançamento sem esquecer dos produtos que são clássicos da loja.

Para isso, ele deve ter muito domínio da mercadoria da loja também!

O tecido é mole?  – Tem que ficar na arara…

A coleção tem cores muito escuras  -Como posicioná-las na área de melhor iluminação…

É dia das crianças? – Como trabalhar a atenção dos pequenos nas vitrines?

E o VM faz isso em todas as lojas da rede? Às vezes sim, depende muito da loja, se é franquia ou não, se é em shopping ou não! Muitas lojas tem um profissional por cidade, para tomar conta de todas as lojas daquele centro urbano, já outras tem uma equipe que planeja o VM nacional e faz um caderno de orientação que é enviado para todas as outras lojas onde os próprio vendedores organizam o espaço. Depende muito do tamanho e objetivo da marca.

MoodBoard e Vitrine temática da copa para a Mercatto que fizemos na conclusão do nosso projeto lá no IED

 

O VM é um trabalho que vem cada dia sendo mais valorizado por comerciantes empresários, porque é comprovado que as lojas que mais vendem, são as que conseguem chamar a atenção do cliente na comunicação visual. Se você se interessou pela área, não deixe de procurar cursos livres e comece a observar ao seu redor como esse trabalho é feito: desde as lojas do shopping até o feirante de rua e o barraqueiro de praia… O VM está em todo lugar!

Recomendo muito o curso que fiz no IED e quem quiser saber mais infos não deixa de seguir a minha professora Natalia Coutinho (@eunatalia) no insta! Ele dá dicas excelentes de como ela se inspira pros projetos que ela faz pra grandes redes como Farm, Richards e Mercatto.

Eu fiz o curso para melhorar meu posicionamento na área comercial e entender mais sobre PDVs e arquitetura comercial, vale muito fazer para se aprimorar em projeto de interiores, principalmente se você tem interesse em trabalhar com projetos de lojas, bares e restaurantes.